terça-feira, 29 de dezembro de 2009

quando havia um tempo...

«Um dia, todos os dias serão meus.»

Houve um tempo em que eu acordava sempre com a esperança de que o dia fosse mais longo, como se o meu querer desesperado que cada momento fosse eterno me permitisse acrescentar-lhe mais algumas horas. Por isso, quando chegava a noite, eu fechava os olhos com tanta força que acreditava que, ao abri-los no segundo seguinte, seria manhã de novo e eu poderia viver um outro dia, maior que o anterior e repleto de emoções.
Contudo, isso foi na altura em que "houve um tempo". Agora, é como se o tempo já não existisse e a vida tivesse parado.
Neste nada que é hoje, acordo sempre com a vontade de que, num instante, volte a ser noite. Quando ela chega, fecho os olhos com o desejo que dure, para que me seja concedido o alívio de ficar adormecida até uma qualquer hora perdida no espaço.
Olho para o relógio - sempre no seu tic-tac interminável - e, nas horas que vejo passar, constato que não se passa nada. No entanto, tenho a certeza que houve um tempo em que cada minuto tinha a história uma vida.
É por isso que eu te peço, tempo, volta! Não quero que venhas como o "era uma vez" de um conto de fadas - agora, ao contrário de quando havia um tempo - sei que a vida não é assim tão cor-de-rosa. Vem, sim, como o meu tempo, para que um dia mais tarde, eu possa olhar para hoje e começar a minha história com "houve um tempo em que..."

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