sábado, 12 de dezembro de 2009

este não era o tipo de texto com o qual queria começar. nem sempre tenho o que quero.


Hoje senti, finalmente, o espírito natalício e, por muito materialista que isto possa soar, nunca consegui desassociá-lo do conceito de prenda. Por isso, hoje estive a enumerar todas as prendas que já me deste. Foi inútil. No fundo, perdi-lhes a conta, de tantas que foram.

Neste momento, estou apoiada num peluche que me deste. É incrível como, em cada canto do meu quarto, se encontra um qualquer objecto oferecido por ti. Acabo por achar piada a tal facto, até porque nunca me tinha apercebido do quão forte é a tua presença aqui.

Sempre achei que nunca ias deixar de ter algo para me dar. Talvez estivesse a ser demasiado exigente ou, então, fui apenas ingénua, ao ponto de acreditar que, em alguns casos, como o nosso, o(s) presente(s) pode durar até um futuro chamado sempre. A realidade é que eu já devia saber que, um dia, as prendas iam acabar; melhor, teriam obrigatoriamente de acabar. Ao contrário do que se diz por aí, o Natal nem sempre pode ser quando o Homem quiser.

Agora arrependo-me de, também eu, não te ter oferecido mais presentes. Desculpa se alguma vez estiveste à espera de mais e eu apareci de mãos vazias… Ou nem sequer apareci. (Uma pequena correcção no que acabo de dizer - não é “desculpa se”. É desculpa, só. Eu tenho a certeza que esperavas.)

Na verdade, por vezes tenho a sensação que eu dava de menos, enquanto tu davas de mais. Que barbaridade! Como é que eu nunca fui capaz de te mostrar que estavas a dar demais, muito mais do que eu merecia e do que tu podias? Acredita que nunca foi por mal. Era a tua maneira de ser e eu sabia-o. De tão teimosa que eras, não valeria a pena dizer-te para não o fazeres. Mesmo quando jurava a pés juntos que não queria alguma coisa, tu acabavas por me dar. Às vezes, tinha vontade de me chatear contigo e de gritar. Sempre foste uma exagerada… Ou barroca, como tu dirias!

Sabes qual era a minha prenda preferida? Eram os abraços. Sempre tive uma predilecção por abraços. Os que guardo teus, esses estão agora velhos e usados. Gastos pelo tempo. Perdidos num sótão coberto de teias e pó. Assim como igualmente estarão os que tu guardas meus…

Por isso, neste Natal, vejo que seria adequado oferecer-te um abraço novo, embrulhado num sorriso…

Sem comentários:

Enviar um comentário