terça-feira, 23 de novembro de 2010

razões; para quê?

«...'cause nothing can compare in this world to you.»


Lembras-te de todas as vezes em que te disse que não sei porque te adoro assim? Numa destas noites de insónia, enquanto pensava em ti só por pensar, sem procurar razões, descobri que - não intencionalmente - te menti. A verdade é que poderia enumerar um sem número de motivos que justificassem este meu gostar de ti mas, no fundo, nada acabaria por ser suficiente.
Podia começar por referir, por exemplo, como adoro o teu sorriso, que me faz querer apertar-te com toda a força sempre que ele se esboça na tua cara, por achar que não existe em lado algum expressão mais querida ou bonita. Como consequência, lembrar-me-ia da forma como te ris incontroladamente quando me queres contar uma das tuas histórias engraçadas. Então, ainda antes de começares, ris sem parar e eu, mesmo sem ter sequer ouvido uma palavra tua, rio-me contigo, por me soar tão bem a melodia das nossas gargalhadas juntas. Tantas são as vezes em que te tapo a boca, na tentativa falhada de te abafar o riso - não porque não o queira ouvir, mas porque, de tão alto que ecoa nas minhas emoções, silencia a (pouca) razão que ainda me resta.
Ao relembrar a tua gargalhada, desenhar-se-ia de imediato na minha mente a tua voz, baixinha, cantando-me ao ouvido; e ao coração. E tu bem sabes como gosto de te ouvir cantar... Escolhes sempre – não adivinho se propositadamente - daquelas músicas que fazem chorar. Ou talvez não sejam dessas, mas assim me parece por seres tu a cantá-las. Já a guitarra, nem seria necessário mencionar. Toda a gente conhece a minha predilecção por guitarras e a forma fácil como derreto sempre que posso olhar para ti, ver-te e ouvir-te tocar.
Não tardaria a recordar-me dos teus olhos nos meus e decidiria que essa é das principais razões para te adorar. Olhas-me e descobres-me a alma; a verdade é que, tantas vezes, consegues decifrá-la primeiro do que eu. Confesso que não há solução para resistir aos teus olhos cor de sonho, que me fitam - sinto-o - como se eu fosse alguém especial, merecedora de ser observada até ao mais profundo do meu âmago.
Poderia, ainda, dizer que te adoro por causa dos teus abraços... Mas, sobre esses, perder-me-ia em descrições e pensamentos. De nada me adiantaria falar sobre a sensação de casa que os teus braços me transmitem, sempre que me apertas contra cada batida do teu coração, permitindo-me provar o doce sabor do teu cheiro, que respiro até ao fundo dos meus pulmões, como se do oxigénio que preciso para viver se tratasse. De nada me adiantaria descrever o sentimento de segurança que gozo dentro do teu abraço, como se ali fosse o meu porto seguro, onde nada nem ninguém me pudesse atingir, como se o mundo à volta fosse engolido por um turbilhão silencioso. Ou, então, de nada me adiantaria compará-los àquela minha definição de conforto, perdida num dos tantos dias que estive longe dos teus braços, que uma vez te tentei explicar – aquela em que te dizia que um abraço teu era ainda melhor que um dia chuvoso e frio de inverno passado, de pijama, no sofá da sala, embrulhada no mais quente dos cobertores, com uma caneca de café numa mão, uma torrada na outra e os olhos pregados na televisão a um filme bonito. E olha que esta é, a meu ver, das sensações de conforto supremas! De nada me adiantaria falar de tudo isso ou muito mais porque, no fundo, não há conjunto de palavras capazes de dizer como é que teus abraços me levam a gostar tanto de ti.
Não me esqueceria, evidentemente, das noites que passei com a cabeça deitada no teu peito, a ouvir as tuas histórias, a contar-te os meus medos, enquanto penteavas devaneios no meu cabelo. Ou como me fazes corar e sorrir com esse teu jeito tão querido, até quando dizes que não gostas de o ser. Nem tão pouco me esqueceria das ruas que já percorremos juntos, nas quais deixámos pegadas de história e de afecto. Ou de como considero que a minha mão pequena tão perfeitamente encaixa entre os dedos teus. Não me esqueceria, definitivamente, de todas as coisas que, ao pensá-las, acredito que só tu – e mais ninguém - as poderias ter feito, como se fosses o único capaz de me fazer rir e sentir e viver tão intensamente.
Mas para quê perder tempo a enumerar todo um sem número de razões para explicar o porquê de te adorar assim, se, na verdade, todas elas são insuficientes, inúteis de dizer e, pelo contrário, tão naturais e inefáveis de sentir?!


(e, hoje, faz um mês que te abracei depois de uma ausência cruel; e, hoje, falta uma semana para te abraçar novamente)

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

ruas.

Percorro estas ruas em que não te encontro. Sigo as pegadas, outrora nossas, que o tempo já gastou. Procuro reconhecer um sinal de ti, um cheiro, um gesto ou um sorriso nas centenas de pessoas que, todos os dias, passam por mim nesta cidade vazia. E não encontro. Talvez não encontre por não crer que exista no mundo algum odor, ou jeito, ou sorriso comparáveis ao que os teus provocam em mim. E, quando porventura os encontro, de imediato acordo, frustrada, de um sonho bom.
O que mais dói é saber que já te abracei nestas ruas, e agora já cá não estás mais - nem nestas ruas, nem nos meus braços. De cada vez que o penso, sinto uma felicidade triste - ou será uma tristeza feliz? - pelo facto do "não estar mais" significar que, pelo menos, algures no tempo, já estiveste. E então sorrio, ou choro - depende do estado de espírito - de saudade.
Nesses momentos, recordo-me de como és bonito, tão bonito que foste capaz de tornar Roma mais bela ainda. A luz que tu, mesmo em dias cinzentos de chuva, lhe trouxeste... Gostava de a poder explicar, descrevê-la à tua altura, mas não te sei escrever mais. Roubaste-me as palavras quando, pela primeira vez, me apertaste, qual muralha, dentro do teu abraço. E eu deixei assim as palavras ficarem contigo, ao senti-las fugir a cada compasso do bater do teu coração.
Por não saber escrever-te mais, ao texto falta alguma coisa, uma conclusão mais definida, como me ensinaram a fazer na escola. No entanto, decidi deixá-lo assim - inacabado. Incompleto. Condiz comigo sem ti...

terça-feira, 2 de novembro de 2010

distâncias sem perdão



«Porque tu deixas em mim tanto de ti,
Matam-me os dias, as mãos vazias de ti...
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