quinta-feira, 11 de novembro de 2010

ruas.

Percorro estas ruas em que não te encontro. Sigo as pegadas, outrora nossas, que o tempo já gastou. Procuro reconhecer um sinal de ti, um cheiro, um gesto ou um sorriso nas centenas de pessoas que, todos os dias, passam por mim nesta cidade vazia. E não encontro. Talvez não encontre por não crer que exista no mundo algum odor, ou jeito, ou sorriso comparáveis ao que os teus provocam em mim. E, quando porventura os encontro, de imediato acordo, frustrada, de um sonho bom.
O que mais dói é saber que já te abracei nestas ruas, e agora já cá não estás mais - nem nestas ruas, nem nos meus braços. De cada vez que o penso, sinto uma felicidade triste - ou será uma tristeza feliz? - pelo facto do "não estar mais" significar que, pelo menos, algures no tempo, já estiveste. E então sorrio, ou choro - depende do estado de espírito - de saudade.
Nesses momentos, recordo-me de como és bonito, tão bonito que foste capaz de tornar Roma mais bela ainda. A luz que tu, mesmo em dias cinzentos de chuva, lhe trouxeste... Gostava de a poder explicar, descrevê-la à tua altura, mas não te sei escrever mais. Roubaste-me as palavras quando, pela primeira vez, me apertaste, qual muralha, dentro do teu abraço. E eu deixei assim as palavras ficarem contigo, ao senti-las fugir a cada compasso do bater do teu coração.
Por não saber escrever-te mais, ao texto falta alguma coisa, uma conclusão mais definida, como me ensinaram a fazer na escola. No entanto, decidi deixá-lo assim - inacabado. Incompleto. Condiz comigo sem ti...

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