quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

decide morrer

«A minha tia suicidou-se há alguns meses - continuou a voz feminina. - Ela passou quase oito anos sem vontade de sair do quarto, comia, engordava, fumava, tomava calmantes e dormia a maior parte do tempo. Tinha duas filhas e um marido que a amava. (...)
Só a vi reagir uma única vez: quando o marido arranjou uma amante. Então ela fez escândalos, perdeu alguns quilos, partiu copos e, por semanas inteiras, não deixava a vizinhança dormir com os seus gritos. Por mais absurdo que pareça, acho que foi a sua época mais feliz: lutava por alguma coisa, sentia-se viva e capaz de reagir ao desafio que se colocava diante dela(...)
O marido acabou por deixar a amante - continuou a mulher. - A minha tia, pouco a pouco, voltou à sua passividade habitual. Um dia, telefonou-me a dizer que estava disposta a mudar de vida: parara de fumar. Na mesma semana, depois de aumentar o número de calmantes por causa da ausência do cigarro, avisou todos de que estava disposta a matar-se.
Ninguém acreditou. Certa manhã, ela deixou-me um recado no atendedor de chamadas, a despedir-se, e matou-se com gás. Eu ouvi essa mensagem várias vezes: nunca ouvira a sua voz tão tranquila, conformada com o próprio destino. Dizia que não era nem feliz nem infeliz, e por isso não aguentava mais.»

(Veronika decide morrer, Paulo Coelho)

um dia...

  • um dia confesso que me apaixonei pelo teu sorriso
  • um dia vou dizer os L's
  • um dia vou deixar de ser preguiçosa
  • um dia vou viver para Itália
  • um dia vou deixar de comer como uma porca
  • um dia abraço-te «com uma força que parece de homem e é só de coração»
  • um dia vou ter uma maquina fotográfica a sério
  • um dia vou saber cantar sem desafinar
  • um dia vou a um concerto dos Oasis (quer eles voltem a existir ou não)
  • um dia vou deixar de estar sempre com o cu alapado no sofá
  • um dia vou gostar de peixe
  • um dia vou deixar de ser coninhas
  • um dia vou voltar a ter 5 anos
  • um dia desisto da faculdade e, mesmo toda rota e sem dinheiro, vou viajar pelo mundo
  • um dia vou nadar nua no mar
  • um dia vou deixar de ser fraca
  • um dia vou deitar-me contigo na areia e contar as estrelas
  • um dia volto a pegar na minha guitarra
  • um dia vou ter com o W. a Canale San Bovo e fico lá
  • um dia vou crescer
  • um dia vou ser útil em alguma coisa
  • um dia vou fazer o que me der na cabeça
  • um dia nunca mais vou chorar
  • um dia vou deixar de ter medo do futuro
  • um dia vou voltar a apaixonar-me perdidamente
  • um dia vou deixar de me sentir oca
  • um dia vou voltar a acreditar que um dia vou brilhar e ser alguém

    um dia, paro de dizer um dia e realizo os meus sonhos no momento!

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

quando havia um tempo...

«Um dia, todos os dias serão meus.»

Houve um tempo em que eu acordava sempre com a esperança de que o dia fosse mais longo, como se o meu querer desesperado que cada momento fosse eterno me permitisse acrescentar-lhe mais algumas horas. Por isso, quando chegava a noite, eu fechava os olhos com tanta força que acreditava que, ao abri-los no segundo seguinte, seria manhã de novo e eu poderia viver um outro dia, maior que o anterior e repleto de emoções.
Contudo, isso foi na altura em que "houve um tempo". Agora, é como se o tempo já não existisse e a vida tivesse parado.
Neste nada que é hoje, acordo sempre com a vontade de que, num instante, volte a ser noite. Quando ela chega, fecho os olhos com o desejo que dure, para que me seja concedido o alívio de ficar adormecida até uma qualquer hora perdida no espaço.
Olho para o relógio - sempre no seu tic-tac interminável - e, nas horas que vejo passar, constato que não se passa nada. No entanto, tenho a certeza que houve um tempo em que cada minuto tinha a história uma vida.
É por isso que eu te peço, tempo, volta! Não quero que venhas como o "era uma vez" de um conto de fadas - agora, ao contrário de quando havia um tempo - sei que a vida não é assim tão cor-de-rosa. Vem, sim, como o meu tempo, para que um dia mais tarde, eu possa olhar para hoje e começar a minha história com "houve um tempo em que..."

és a minha força de todos os dias <3

ontem. onde eu queria estar.

«I used to be afraid of so many things; that I’d never grow up, that I’d be trapped in the same place for all eternity, that my dreams would forever be out of my reach. It's true what they say, time plays tricks on you. One day you're dreaming, the next your dream has become you reality. And now that this scared little girl no longer follows me wherever I go, I miss her. I do. 'Cause there are things I wanna tell her... to relax, to lighten up, that it is all going to be ok. I want her to know that meeting people who like you, who understand you, who actually accept you for who you are, will become an increasingly rare occurrence. These people who contributed to who I am, they are with me wherever I go, and as history gets rewritten in small ways with each passing day, my love for them only grows. Because the truth is... it was the best of times. Mistakes were made, hearts were broken, harsh lessons learned, but all of that has receded into fond memory now. How does it happen? Why are we so quick to forget the bad and romanticize the good? Maybe it's because we need to believe that the time we spent together actually meant something, that we were there for each other in a time in our lives that defined us all, a time in our lives that we will never forget. I can't swear this is exactly how it happened. But this is how it felt.»

(Dawson's Creek)

domingo, 27 de dezembro de 2009

e as melhores tardes também!

Convosco, a vida é feita de gargalhadas, cafés e cumplicidade. De jantares, horas no Danny e voltas de carro. De chupa-chupas com recheio, baguetes capadas e galos que cantam. De conversas que descambam, uníssonos e muita diversão. De olhares que dizem tudo e momentos que eu não trocaria por nada.
Convosco, a vida faz sentido.
(estamos a precisar de fotos novas urgentemente!)

As melhores noites...

são com vocês!

(e neste fins-de-semana, só tem mesmo faltado um pouquinho mais de calor e ele, para me dar um bocado a volta à cabeça com aquele sorriso xD)

sábado, 26 de dezembro de 2009

the music is no longer playing

«Besides the obvious difference, there was not much distinction between losing a best friend and losing a lover: it was all about intimacy. One moment, you had someone to share your biggest triumphs and fatal flaws with; the next minute, you had to keep them bottled inside. One moment, you'd start to call her to tell her a snippet of news or to vent about your awful day before realizing you did not have that right anymore; the next, you could not remember the digits of her phone number.»

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

alguém.

«Our egos want us to think we're all snowflakes, no two alike. But really we all want the same things:
love, forgiveness... chocolate.»


(Thirteen, Dr. House)


Ridiculamente, apeteceu-me escrever-te. Que absurdo! É como se me estivesse a dirigir a um ser mítico, divindade grega ou, melhor dito, romana que, apesar de conscientes da sua inexistência, acreditamos no brilho, magia e beleza dos quais se fizeram acompanhar e que tanto enriqueceram a humanidade. Também tu, meu ser divino, trouxeste uma luz mais brilhante à minha vida que, para minha desolação, não passou de ilusão de óptica, reflexo imaginário do que eu tanto quis (re)encontrar.

Nestes frios dias de inverno, não tenho nada que me aqueça o coração. Sorrio ao recordar como tu, sem que te desses conta, o sabias fazer de forma particularmente bonita. Na verdade, é das nossas conversas “luso-italiano-anglo-francófonas” que eu tenho saudades, dessas tuas palavras doces que me faziam sentir renascida, fénix a arder por entre a chama de calor que em mim, ironicamente, reacendias.

Foram tantas as vezes que eu te sonhei,
nos sonhei. E sonhar é bom. Até ao ponto em que, por precisarmos nem que seja da mais pequena coisa que dê um sentido à nossa vida, queremos, desesperadamente, tornar o sonho realidade. Essa, contudo, é medíocre e pobre, fica aquém de como a sonhámos, do que dela queríamos fazer.

Eu fiz de ti uma imagem de perfeição, do inteligível que tanto ansiava atingir. Ainda a mantenho. A verdade é que nunca me desiludiste. Porque, mesmo que te sonhasse, eu nunca me iludi. Sabia conscientemente da distância que nos separava, das palavras que eu tinha que deixar por dizer. Não era demente o suficiente para te contar dos meus sonhos, embora me fizesses sentir uma criança, ignorante do que é a racionalidade, cheia de sentimento, de paixão, de amor. Longe de mim alguma vez ter pensado amar-te! É ridículo pôr, sequer, isso em questão. No entanto, adorava-te. Não no sentido de "gostar de", mas naquele de venerar. Por isso, fiz de ti uma imagem de perfeição, de um deus tão perto do céu. A imagem que permitia sentir-me viva. Agora, a imagem rasgou-se, eu já não te tenho.

E, no fundo, não é que sinta necessariamente a
tua falta, mas sinto falta de alguém…

(eu juro que, um dia, te desbloqueio no msn)

meu coração tardou

Meu coração tardou. Meu coração
Talvez se houvesse amor nunca tardasse;
Mas, visto que, se o houve, houve em vão,
Tanto faz que o amor houvesse ou não.
Tardou. Antes, de inútil, acabasse.

Meu coração postiço e contrafeito
Finge-se meu. Se o amor o houvesse tido,
Talvez, num rasgo natural de eleito,
Seu próprio ser do nada houvesse feito,
E a sua própria essência conseguido.

Mas não. Nunca nem eu nem coração
Fomos mais que um vestígio de passagem
Entre um anseio vão e um sonho vão.
Parceiros em prestidigitação,
Caímos ambos pelo alçapão.
Foi esta a nossa vida e a nossa viagem.

Fernando Pessoa

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

não resisti.

- não parece que eu não durmo há quarenta horas.
- pois não, estamos a comer bolitas.


segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

sábado, 12 de dezembro de 2009

este não era o tipo de texto com o qual queria começar. nem sempre tenho o que quero.


Hoje senti, finalmente, o espírito natalício e, por muito materialista que isto possa soar, nunca consegui desassociá-lo do conceito de prenda. Por isso, hoje estive a enumerar todas as prendas que já me deste. Foi inútil. No fundo, perdi-lhes a conta, de tantas que foram.

Neste momento, estou apoiada num peluche que me deste. É incrível como, em cada canto do meu quarto, se encontra um qualquer objecto oferecido por ti. Acabo por achar piada a tal facto, até porque nunca me tinha apercebido do quão forte é a tua presença aqui.

Sempre achei que nunca ias deixar de ter algo para me dar. Talvez estivesse a ser demasiado exigente ou, então, fui apenas ingénua, ao ponto de acreditar que, em alguns casos, como o nosso, o(s) presente(s) pode durar até um futuro chamado sempre. A realidade é que eu já devia saber que, um dia, as prendas iam acabar; melhor, teriam obrigatoriamente de acabar. Ao contrário do que se diz por aí, o Natal nem sempre pode ser quando o Homem quiser.

Agora arrependo-me de, também eu, não te ter oferecido mais presentes. Desculpa se alguma vez estiveste à espera de mais e eu apareci de mãos vazias… Ou nem sequer apareci. (Uma pequena correcção no que acabo de dizer - não é “desculpa se”. É desculpa, só. Eu tenho a certeza que esperavas.)

Na verdade, por vezes tenho a sensação que eu dava de menos, enquanto tu davas de mais. Que barbaridade! Como é que eu nunca fui capaz de te mostrar que estavas a dar demais, muito mais do que eu merecia e do que tu podias? Acredita que nunca foi por mal. Era a tua maneira de ser e eu sabia-o. De tão teimosa que eras, não valeria a pena dizer-te para não o fazeres. Mesmo quando jurava a pés juntos que não queria alguma coisa, tu acabavas por me dar. Às vezes, tinha vontade de me chatear contigo e de gritar. Sempre foste uma exagerada… Ou barroca, como tu dirias!

Sabes qual era a minha prenda preferida? Eram os abraços. Sempre tive uma predilecção por abraços. Os que guardo teus, esses estão agora velhos e usados. Gastos pelo tempo. Perdidos num sótão coberto de teias e pó. Assim como igualmente estarão os que tu guardas meus…

Por isso, neste Natal, vejo que seria adequado oferecer-te um abraço novo, embrulhado num sorriso…